Bolas de Sabão
Nada melhor para o começo de Março e mês da primavera, apesar de hoje estar um dia de chuva e frio.E como a coisa mais linda são as crianças este poema às mesmas, e as bolas de sabão que todos nós já fizemos e gostávamos, de as ver voar em direcção ao céu, da esperança de cada um de nós.
As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as coisas,
São aquilo que são
(fotos Sapo)
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer coisa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.
Alberto Caeiro