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Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

Um corpo de Verão

31.03.09, maripossa
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Era um corpo de verão que ondeava
Entre mil murmúrios de águas e sementes
Na sua nudez ardia o fogo dos pomares
Abracei a vigorosa doçura dos seus membros
bebi em alta sede a inocência ardente
conheci a sombra que floresce a brisa e o alimento
No centro enamorado da pátria arborescente

Casimiro de Brito

As mãos pressentem...

30.03.09, maripossa

As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar

ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada

 

Al Berto

 

Frase

29.03.09, maripossa
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Bom carácter é para ser mais enaltecido do que talento extraordinário. A maioria dos talentos é de uma certa forma um dom. Bom carácter, em contraste, não nos é dado. Temos que construi-lo peça por peça... por pensamentos, escolhas, coragem, e determinação.

( John Luther )

Poeminha Amoroso

27.03.09, maripossa

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

 

Cora Coralina

 

 

Como a água meu amor

27.03.09, maripossa
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Como a água
meu amor
também as asas nos sacodem
no final do beijo

quantas páginas faltam?

se a fronteira é a das águas quem reprime a espuma
onde começa a praia?

no meu espelho o que via
era um homem de rosto voltado
de rosto voltado
para sempre
e uma linha de ombros onde as águas
e os teus lábios de espuma meu amor
me embaciavam

também ouvi chamar a isso
entardecer
idade
inclinação do sol

mas também cicatrizes ou sulcos como preferires
essa teia onde os dias marcam os seus signos
como as águas no solo meu amor
até furarem

Carlos Nogueira Fino

A UMA ÁRVORE

25.03.09, maripossa


Árvore
Quando eu morrer hás-de ficar.
Hás-de ver o passar doutras Estações.
Hás-de ouvir as canções
De uns outros ninhos, noutras Primaveras.
Junto de ti, meu filho há-de sonhar
Minhas antigas, fúlgidas quimeras.



Árvore
Quando eu morrer, hás-de falar
De mim, que te plantei.
E, em cada ramo novo que brotar,
Serás um gesto meu a perdurar:

- Por ti, não morrerei …

Francisco Bugalho

Os Passaros de Londres

25.03.09, maripossa

Os pássaros de Londres cantam todo o inverno. Como se o frio fosse o maior aconchego nos parques arrancados ao trânsito automóvel, nas ruas da neve negra sob um céu sempre duro. Os pássaros de Londres falam de esplendor com que se ergue o estio, e a lua se derrama por praças tão sem cor, que parecem de pano em jardins, germinando sob mantos de gelo, como se gelo fora o linho mais bordado ou em casas como aquela onde Rimbaud comeu e dormiu e estendeu a vida desesperada estreita faixa amarela espécie de paralela entre o tudo e o nada. Os pássaros de Londres quando termina o dia e o sol consegue um pouco abraçar a cidade, à luz razante e forte que dura dois minutos nas árvores, que surgem subitamente imensas no ouro verde e negro que é sua densidade ou nos muros sem fim dos bairros deserdados onde não sabes ,não se vida rogo amor algum dia erguerão do pavimento cínzeo,algum claro limite os pássaros de Londres cumprem o seu dever
de cidadãos britânicos que nunca nunca viram os céus mediterrânicos.

Mário Cesariny

 

Num Silêncio de Terra

23.03.09, maripossa

Num silencio de terra.Onde ser é estar a sombra se inclina. Hábito dentro da grande pedra de água e sol. Respiro sem saber, respiro a terra.

Um intervalo de suavidade ardente e longa. Sem adormecer no sono verde.

Afundo-me, sereno, flor ou folha sobre folha abrindo-se, respirando-me, flectindo-me no interior aberto. No principio, um rosto se desfaz, um sabor ao fundo da água ou da terra, o fogo único consumido em ar.

eis o lugar em que o centro se abre ou a lisa permanência clara, abandono igual ao puro ombro em que nada se diz, e no silêncio se une a boca ao espaço.

Pedra harmoniosa do abrigo simples, lúcido, unido, silencioso umbigo do ar. Aí o teu corpo renasce à flor da terra. Tudo principia.

 

António Ramos Rosa

 

Vôo

23.03.09, maripossa


Alheias e nossas as palavras voam.
Bando de borboletas multicores, as palavras voam
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas,
as palavras voam.



Viam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres, as palavras voam.
Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós, em redor de nós as
palavras voam.
E às vezes pousam.

Cecília Meireles

Sou Filha da Terra

20.03.09, maripossa
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Sou filha da terra e da primavera!
Que calco e sujo os pés.Da terra lavrada com dor e suor
Regada com lágrimas de pranto,de amargura e tristeza
Da terra da avareza,mas eu sou uma filha da terra
das vinhas ao sol de cachos maduros e gosto a fruta
Do mar azul pela tardinha,onde o sol se esconde de
tons fortes como as ondas,de seu espraiar na areia
mas sou uma filha da terra,que amo e luto
Onde meus olhos se perdem nesta quimera

Lisa/20/03/2009

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