Noite
É de noite que as palavras se soltam,
sem destinos nem contornos,
vagueando plurais em seus sentidos,
omitindo-se e revelando-se.É de noite que me solto no sentir,
quando no adormecido silêncio as palavras se fantasiam e libertam.
É de noite que acordo o poema na sonolência do verbo,na indigência dos significados,
na suavidade dos desvarios consumados.É de noite, na noite de mim,que diariamente me exponho nos silêncios libertados.
Helena Monteiro