A Fábula do Vento
O que eu te quero contar não foi dito nem escrito na pele de nenhuma página. Ou foi dito e escrito milhares de vezes e milhares de vezes apagado pela própia palavra. Sem visão,no vão esquecimento,tento iniciar uma fábula do vento até à ondulação,até à transparência. Tenho na boca o sabor de um canto que é já o canto de um sabor aéreo. O meu desejo procura construir cálices incendiados,sílabas amorosas,hieroglifos de água e fogo. Não estou no centro mas na orla da distância,na frescura da soberana inteligência do mar.
Reconheço agora todas as qualidades do solêncio,da brancura e da luz e da sia móvel mas permanente equivalência. A interrogação mais pura levanta-se e resolve-se em mil ondas incessantes,nas volutas vertiginosas do vento
António Ramos Rosa