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Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

A abstracção não precisa de mãe nem pai

16.12.08, maripossa

A abstracção não precisa de mãe nem pai

nem tão pouco de tão tolo infante mas o natal de minha mãe é ainda o meu natal

com restos de Beira Alta. Ano após ano via surgir figura nova nesse

presépio de vaca burro banda de música,ribeiro com patos farrapos de algodão muito

musgo percorrido por ovelhas e pastores multidão de gente judaizante estremenha pela

mão de meu pai descendo de montes contando moedas azenhas movendo água levada pela estrela de Belém. Um galo bate as asas um frade está de acordo com a nossa circuncisão galinhas debicam milho de mistura com um porco a que minha avó juntava

sempre um gato para dar sorte era preto assim íamos todos naquela figuração animada

até ao dia de Reis aí estão um de joelhos outro em pé e o rei preto vinha sentado no

camelo. Era o mais bonito,depois eram filhoses o acordar de prenda no

 sapato tudo tão real como o abrir das lojas no dia de feira e eu ia ao Sanguinhal visitar a minha prima que tinha um cavalo debaixo do quarto subindo de vales descendo de montes

acompanhando a banda do carvalhal com ferrinhos e roucas trompas o meu Natal é ainda o Natal de minha mãe com uns restos de canela e Beira Alta.

 

 Joao Miguel Fernandes Jorge

Natal, e não Dezembro

16.12.08, maripossa


Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira

A Minha Rua

12.12.08, maripossa

Sinto o frio na minha rua, sem emoções sem amor e alguma tristeza.Este é um pouco o cenário de um dia na minha rua, outrora foi feliz e liberta de solidão, onde se contava as estrelas da noite, que eram mais brilhantes do que hoje.
Hoje no palmilhar da rua sinto a falta, da amizade da fraternidade e até de amor pelo proximo.Todos tem muito e onde escolher! mas a solidão está ali marcada não na conta do banco, nem nos fatos da moda! falta a bondade para alguns, que outros pensando ser empecilhos os arrumam para o canto, como que fosse um simples trapo velho sem serventia.Vejo olhos secos sem lágrimas de muitos que choraram de desespero e tristeza, hoje já não choram? nem de alegria, nem tão pouco da solidão...passou ao lado, tanto foi o cansaço da espera.Na minha rua vi a falta de amor e alguma educação para um ser, que ali passava outros troçavam dele, assim vai a minha... e a tua rua! de hoje em dia.

Lisa

 

Presente de Natal

10.12.08, maripossa
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Neste natal gostaria de oferecer de presente a algumas pessoas. Se calhar uma safa para apagar as mágoas do coração, um ancinho para tirar as ervas daninhas que germinam em nossa volta, que não deixa ser livre o pensamento. Um grande olhar para o mundo, ver o que nos rodeia e saber enfrentar com alguma serenidade, a violência diária que nos entra pela porta dentro. Num gesto de esperança sonhar, que podemos amar e sempre amar. Dar e partilhar este planeta, abrir o coração dos que tem muito dinheiro e valor para distribuir pelo mundo, onde as crianças morrem a todo o instante e segundo.
Pensar! E contar estrelas, como elas brilham para todos nós sem excepção, para os que tem muito e para os que nada tem, mas que as contam, com seus olhos sem brilho de fome e miséria.
Me sentar ao canto da lareira, olhar em redor e ver a família unida em paz e amor, esta seria uma boa prenda para todos, nada de coitadinhos, mas muita dignidade para todos. Sem ver crianças no meio da destruição da guerra implorando o seu lugar de criança, neste e noutros Natais.

Paisagens de Inverno

09.12.08, maripossa

Ó meu coração, torna para trás. Onde vais a correr, desatinado? Meus olhos incendidos que o pecado Queimou! o sol! Volvei, noites de paz.
Vergam da neve os olmos dos caminhos. A cinza arrefeceu sobre o brasido. Noites da serra, o casebre transido... Ó meus olhos, cismai como os velhinhos.
Extintas primaveras evocai-as:
_ Já vai florir o pomar das maceiras.
Hemos de enfeitar os chapéus de maias._ Sossegai, esfriai, olhos febris. _ E hemos de ir cantar nas derradeiras
Ladainhas...Doces vozes senis..._
Passou o outono já, já torna o frio... _ Outono de seu riso magoado. llgido inverno! Oblíquo o sol, gelado... _ O sol, e as águas límpidas do rio.
Águas claras do rio! Águas do rio, Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado? Aonde vais, meu coração vazio? Ficai, cabelos dela, flutuando, E, debaixo das águas fugidias, Os seus olhos abertos e cismando...
Onde ides a correr, melancolias? _ E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

 

Camilo Pessanha

fotos da neve dia 29_Novembro_2008

JOHN LENNON

08.12.08, maripossa
John Winston Ono Lennon, baptizado como John Winston Lennon, MBE, (Liverpool, 9 de Outubro de 1940 — Nova Iorque, 8 de Dezembro de 1980) foi um ícone do século XX, músico, cantor, compositor, escritor e activista em favor da paz britânica.
John Lennon ganhou notoriedade mundial como um dos integrantes do grupo de rock britânico The Beatles. Na época da existência dos Beatles, John Lennon formou com Paul McCartney o que seria uma das mais famosas duplas de compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney. Em 1968, John Lennon apaixonou-se pela artista plástica Yoko Ono e depois disto ela se tornou a pessoa mais importante na vida e carreira do músico inglês. Em 1970, os Beatles chegaram ao fim e a partir de então John dedicou-se a carreira solo.

Afastado da música desde 1975, por se dedicar mais a família desde o nascimento de seu filho com Yoko Ono, Sean Lennon, John voltou aos estúdios em 1980 para gravar um novo álbum. Era como um recomeço. Porém em 8 de Dezembro do mesmo ano, John foi assassinado em Nova York por Mark David Chapman quando retornava do estúdio de gravação junto com a mulher.



Neste vídeo onde se pode ver as guerras que atormentam o mundo violento em que vivemos,ele foi um homem de paz.Por isso alguém que não gostava das suas ideias o matou. As mesmas causas que muitos de nós repudiamos e nos tentam calar, pois temos visão das coisas que nos rodeiam,a fome,a ganância,a guerra.A falta de tanta coisa pois somos demais pequenos para tentar ajudar. Pois estou de acordo que só temos um bom Natal,quando todos tiverem os mesmos direitos como homens e mulheres deste planeta,e se acabarem as ditaduras que criam em sua volta estes desastres,e guerras consecutivas por causa de interesses comuns,em defesa de uns para mal dos outros

Na Casa Defronte

05.12.08, maripossa

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!

Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não sou eu.

As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.

As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.

Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.

Que grande felicidade não ser eu!

Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.

Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

Nada! Não sei...
Um nada que dói...

 

Álvaro de Campos