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Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

AMIGO

03.12.08, maripossa
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Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.

Bebe do meu cântaro se tens sede.

Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.

Amigo,
se tens fome come do meu pão.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.

Sorris-te - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...

... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...

Pablo Neruda

Pensamento

02.12.08, maripossa
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Tarde fria e cinzenta onde o sol se esconde. No crepitar do lume na velha lareira, sinto a falta dos dias que passarem,da falta dos pais e dos avós. Estas são saudades, do aproximar do Natal e da casa cheia, dos cheiros que ficam, e do carinho materno.Os olhos desviam do lume e o pensamento voa alto,como que a dizer vou partir! para não ver a solidão dos outros,a tristeza dos velhos, dos que não tem pão nem lar,dos que desfiam a madrugada ao acaso da desgraça.Sabemos que um só a pensar não pode mudar o mundo,mas se todos pensassem junto!Talvez para fazer um grande elo de esperança e solidariedade. Só sei; que por onde passar,levarei aquela palavra de afecto e a alegria de um sorriso,como um pensamento vadio de um dia a olhar para a velha lareira.
Lisa

Fim de Tarde

02.12.08, maripossa

Fim de tarde de Dezembro, tarde triste sem encanto nem sol.O céu era cinzento e nublado com ar de solidão,até os pássaros chilreavam pouco e tiritavam de frio, era Dezembro.Olhava para as serras era só neblina,até as montanhas se escondiam do frio e do gelo da tarde, olho para os telhados vejo fumo saindo pela chaminé, como fosse o agasalho da família.
Na rua já não ouço as crianças, frio bastante e vejo toda a gente a se recolher como adivinhar a noite que se aproxima, mais uma noite de frio e muito inverno, como que esperando pelo dia especial.
Lisa

 

Dia Mundial Contra a Sida

01.12.08, maripossa

Neste dia mundial contra a sida, todos nós podemos fazer a diferença. Cuidado e muito cuidado, cada dia que passa depois de haver informação parece que as pessoas não sabem nada a respeito da doença que mata todos os dias. Ela não se transmite por um sorriso ou um toque de mãos, mas a mesma pode matar se alguns de nós não for responsavel.Quem sofre este tormento são as crianças no mundo inteiro por culpa dos grandes, se deve informar como a mesma se transmite e ensinar bons costumes se recomenda,é tudo uma questão de responsabilidade, por vezes por um simples minuto de prazer. Para assinalar este dia que belíssimo poema.

 

 

Sida

 

aqueles que têm nome e nos telefonam

um dia emagrecem - partem

deixam-nos dobrados ao abandono

no interior duma dor inútil muda

e voraz

 

arquivamos o amor no abismo do tempo

e para lá da pele negra do desgosto

pressentimos vivo

o passageiro ardente das areias - o viajante

que irradia um cheiro a violetas nocturnas

 

acendemos então uma labareda nos dedos

acordamos trémulos confusos - a mão queimada

junto ao coração

 

e mais nada se move na centrifugação

dos segundos - tudo nos falta

 

nem a vida nem o que dela resta nos consola

a ausência fulgura na aurora das manhãs

e com o rosto ainda sujo de sono ouvimos

o rumor do corpo a encher-se de mágoa

 

assim guardamos as nuvens breves os gestos

os invernos o repouso a sonolência

o vento

arrastando para longe as imagens difusas

daqueles que amámos e não voltaram

a telefonar

 

 

Hôrto de incêndio, Assírio & Alvim,1997
Al Berto

 

Chamas

01.12.08, maripossa
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Fui eu quem desceu o rio da vergonha pela primeira vez
Despido de qualquer idéia do rebanho
Atarantado e suavizado pela validade da ação
Aos gados, a terra; aos peixes, o mar; as homens, a liberdade
Estava escrito no peito do lúcido e misterioso ancião
Eu mesmo li sem precisar de lentes especiais
Pulsava firme a idéia tal qual nos primeiros anos
E revelava além do que a boca permitia expressar
Enxuguei-me e voltei a pensar nas tardes sombrias
Em um mês pesaroso e cruel
Lembrei-me das obrigações insensatas e inúteis
Agora tão distantes e ainda mais absurdas
Aonde estou, não vejo tantas leis a cumprimentar-me
Capazes de enfastiar até o gado mais estúpido - não fosse a hipnose
Abandonei o chocalho pregado em meu pescoço desde o nascimento
Não quero ser encontrado, localizado, rastreado
Do meu passado, apenas o casco das minhas unhas
Porque a realidade que vivo é a aventura mais humana
Sem posses e sem concessões, sem medo e sem violência
Desperto e renovado, fortalecido e revitalizado
Em chamas para iluminar a consciência que reside em mim

Bernardo Almeida

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