Num silencio de terra.Onde ser é estar a sombra se inclina. Hábito dentro da grande pedra de água e sol. Respiro sem saber, respiro a terra.
Um intervalo de suavidade ardente e longa. Sem adormecer no sono verde.
Afundo-me, sereno, flor ou folha sobre folha abrindo-se, respirando-me, flectindo-me no interior aberto. No principio, um rosto se desfaz, um sabor ao fundo da água ou da terra, o fogo único consumido em ar.
eis o lugar em que o centro se abre ou a lisa permanência clara, abandono igual ao puro ombro em que nada se diz, e no silêncio se une a boca ao espaço.
Pedra harmoniosa do abrigo simples, lúcido, unido, silencioso umbigo do ar. Aí o teu corpo renasce à flor da terra. Tudo principia.
António Ramos Rosa
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