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Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

Desce em Folhedos Tenros a Colina

29.05.10, maripossa

Desce em folhedos tenros a colina:
Em glaucos, frouxos tons adormecidos,
Que saram, frescos, meus olhos ardidos,
Nos quais a chama do furor declina...
Oh vem, de branco, do imo da folhagem!
Os ramos, leve, a tua mão aparte.
Oh vem! Meus olhos querem desposar-te,
Refletir virgem a serena imagem.
De silva doida uma haste esquiva.
Quão delicada te osculou num dedo
Com um aljôfar cor de rosa viva!...
Ligeira a saia... Doce brisa impele-a...
Oh vem! De branco! Do imo do arvoredo!
Alma de silfo, carne de camélia...

 

Camilo Pessanha

 

Breve Poema ao Mar

21.05.10, maripossa

Com o aroma das rosas
te escrevo em trigo e sonho e beijo
Desenho-te em vogais
de pétalas interiores ao cristal ao linho
Adoro-te em silabas de orvalho
como se cantam as madrugadas da paixão
nas asas quentes do vento.

As curvas do teu sorriso
acordam as cotovias
Quando a primavera regressa
carregada de vermelhoardente das papoilas
As horas passam as noites os olhos sem fim
E nada mais sobra para além do coração
ao encontro dos dias maduros das abelhas
onde o meu querer-te em harpas floresce


Artur F. Coimbra

 

ISSO É MUITA SABEDORIA

14.05.10, maripossa

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.


Clarice Lispector

A Vida em Palavras

10.05.10, maripossa

A vida é cheia de encontros e desencontros.Por vezes quando pensamos que um amigo fugiu ela volta e trás no olhar e no sorriso os sonhos.Das palavras que nos dedica,as outras que por vezes se escondem,alegrias aventuras e tristezas algumas.Nos tempos que correm, cada vez mais é difícil ter amigos,e quando eles nos deixam em prol de outros motivos,eles devem ser autênticos e verdadeiros,porque senão deixa de ser amizade.

Assim penso eu...E como gosto dos amigos e dos que por aqui resistem aos tempos,obrigados por sermos teimosos e continuar a fazer e escrever nos blogs,os sentimentos,alegria tristezas, e desventuras.

 

 

"Conhecemos pessoas que vem e que ficam,
Outras que, vem e passam.
Existem aquelas que,
Vem, ficam e depois de algum tempo se vão.
Mas existem aquelas que vem e se vão com uma enorme vontade de ficar..."

 

Charles Chaplin

 

Pela manhã

07.05.10, maripossa

O meu caminhar pela manhã era o encontro do sol! Mas no caminho só encontrei,as flores muito verde em redor,e alguma chuva de repente.Soube muito bem este pequeno prazer,que me deixa a alma livre dos pensamentos que menos gostamos, e se vão amontoando durante a semana. No fim um café na praça, a ver a azafama da manhã,e o sorriso das crianças.No caminho encontrei flores silvestres tão bonitas, que nem o melhor pintor, seria capaz de cores tão bonitas e variadas. Como penso que flores todos gostam, aqui ficam para os amigos uma pequena margarida,podem escolher a cor.

 

 

Numa flor é a vida que renasce
é o bater do coração que pulsa
no peito pela nova estação
É um caminho de esperança
em novas sementes renovadas.

 

 

A arte de Ser Feliz

03.05.10, maripossa

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

 

Cecília Meireles

 

 

 

É Noite, Mãe

02.05.10, maripossa

As folhas já começam a cobrir
o bosque, mãe, do teu outono puro...
São tantas as palavras deste amor
que presas os meus lábios retiveram
pra colocar na tua face, mãe!...

Continuamente o bosque se define
em lividez de pântanos agora,
e aviva sempre mais as desprendidas
folhas que tornam minha dor maior.
No chão do sangue que me deste, humilde
e triste, as beijo. Um dia pra contigo
terei sido cruel: a minha boca,
em cada latejar do vento pelos ramos,
procura, seca, o teu perdão imenso...

É noite, mãe: aguardo, olhos fechados,
que uma qualquer manhã me ressuscite!...

 

António Salvado

 

 

Para todas as mães que visitem este blog,e como mãe que sou vai um dia feliz para todas nós.

Lisa