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Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

Maripossa

Tudo que tem asas deve voar,por isso a borboleta selvagem o faz sem nunca olhar para onde.

Anos Sessenta

07.05.08, maripossa


"Recepção a Humberto Delgado na Estação de S. Bento"

Os anos sessenta,foram os mais conturbados da minha vida.Primeiro pelas vivências políticas em casa,era um acordar em aflição a qualquer instante,sempre por causa do Pai,logo no fim dos anos cinquenta foi uma luta de conseguir,que Humberto Delgado fosse eleito,e houvese a derrota do regime era eu muito pequena.Com a vinda do mesmo ao Porto, em casa a minha mãe tinha sempre o coração nas mãos,pois a qualquer hora o Pai podia ser preso,ele era o sustento dos filhos,pois o que a Mãe conseguia como costureira,não seria o suficiente para a casa.
Me lembro bem,criança de pouca idade e o Pai ter de fugir,com outros amigos para parte incerta para não ser levado,onde deixou a minha mãe com grande aflição não sabendo o paradeiro do mesmo,ela o procurou em todos os lados e nada soube.Até que um dia de madrugada,onde o mesmo entrou pelo quintal,e vinha como um pobre,barba grande sujo e cheio de fome.
Nesse mesmo ano ele pensou em nós e acalmou um pouco,mas logo de seguida vieram mais e sempre mais,até um dia pelas seis horas da manhã,alguém bater a porta de mansinho e ser a PIDE,para o levar preso,onde a porrada a humilhação foi tanta a frente dos filhos crianças,que algum dia jamais irei esquecer,o que disseram e fizeram.
Só tenho pena que este Portugal de Abril,não fizesse justiça por aqueles que humilharam,bateram e maltrataram e que um dia se há uma justiça o possam fazer.
Irei a qualquer altura continuar até que a memória deixe o meu sentir,peço desculpa que quem não gostar de ler,feche a porta por favor devagar,para que o coração não sinta a dor,mas que os anos nunca apagaram a mesma

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