A Rosa e o Ser
Num ímpeto apaixonado, abraçou a rosa.
- Ai ! - Gritaram um e outro.
Um espinho acerado, perfurara a inocência do seu coração.
As pétalas ainda meio descerradas ficaram machucadas, e foram caindo.
Mas do âmago da rosa uma aura doirada se soltou e a ferida cobriu.
A gota de sangue, nele se envolvendo, na terra se embebeu.
O ser pequenino, elevou-se e pousou no coração da flor o seu coração ferido.
Reflectiram juntos acerca da angústia de amar-se demasiado.
A rosa sentiu o calor de uma lágrima e murmurou:
- Não chores, porque nem me destruíste nem o teu sangue se derramou em vão...
o pólen de soltaste, não se perdeu, fecundou o gineceu que esperava este momento. E o teu sangue derramado alimentará a nova roseira por que vim.
Juntos seremos eternos, pois o amor além da brevidade nos guiou.
Maria Petronilho