Da Cama da Montanha
Também me deitei na cama da montanha e subi e desci com peito aberto à beira do vazio.
respirava sem armas a música ou o esquecimento,a fábula das ervas e das águas nascentes,o primeiro rosto da sombra ou de uma constelação.
Como se a origem fosse a evidência de uma contínua rajada de ar frescquíssimo.
navegava nas veias,ardia no esplendor do espaço, cavalgava o flanco de um animal gloriosos e não procurava,não esperava,tudo recebia entre a pedra e o silêncio na diagonal da luz.
Até ao mais secreto onde não há segredo eu descia pelas raízes do meu sangue.
subia,transparente,no aquario solar escutando o rumor fresco das pétalas errantes.
E a luz era o joelho ardente de uma deusa que atravessasse os peixes e o fogo e mermurando,reunindo,acariciando,revelasse as espáduas do mundo
António Ramos Rosa